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20 de mar. de 2009

São José



Ele rompeu com os paradigmas enraizados da cultura de sua época.



Em um mundo onde muitos fazem de tudo para “crescer e aparecer” a qualquer custo – muitas vezes utilizando o outro como escada para isso –, raras são as pessoas que na vida fazem a opção pelas pequenas coisas.
Em um sistema de crenças e valores no qual, muitas vezes, o mais valorizado é o que mais aparece e o que mais ostenta uma posição de destaque, o universo da discrição e da simplicidade acaba ficando em segundo plano (para não dizer em último). Estamos, sem dúvida alguma, na era da imagem e no império da aparência, nos quais o que acaba se destacando é a ilusão e não o ser em sua essência.

Em meio a esse complexo contexto, uma figura, como a de São José, manifesta-se como um concreto ícone de contradição, instaurando naquele que sensivelmente o contempla uma aguda crise de contestação de seus valores. E isso é muito bom. Não somos árvores imóveis e passíveis – sendo que mesmo na natureza a vida é dinâmica – diante de nossa realidade e das crenças que nos são impostas pela sociedade. Por isso questionar – tentando sinceramente compreender o melhor caminho – é sempre uma atitude virtuosa, que rompe paradigmas e aponta um novo caminho.

São José, com sua justiça silenciosa e discreta, foi alguém que soube romper com os paradigmas (modelo que era seguido) da mentalidade da sua época, desafiando crenças já cristalizadas que semeavam o preconceito e a subtração do ser humano.

Vivendo as pequenas coisas de seu cotidiano de carpinteiro, com a coragem de realizar escolhas virtuosas não vistas por ninguém, ele teve a ousadia de ser autêntico – de ser ele mesmo, sem copiar antigos modelos – seguindo a novidade da inspiração dada por Deus. Ao encontrar Maria, grávida, “sem antes terem coabitado”, “sendo justo e não a querendo difamar, resolveu deixá-la secretamente” (cf. Mt 1, 18-19), enquanto a lei vigente em sua época ordenava a lapidação (morte por pedradas) para as mulheres adúlteras. E ao ter sido avisado em sonho por um anjo, foi dócil ao que Deus lhe pedira assumindo Maria como esposa, juntamente com o que “nela foi gerado” (cf. Mt 1, 20).

Enfim, José, em sua humildade e sem muitos holofotes, rompeu com um profundo paradigma enraizado em sua cultura havia muito séculos, no qual a justiça se sobrepunha à misericórdia.
Mas ele não é chamado o justo? Por que não agiu seguindo o padrão de justiça de sua época? Sim. Ele foi justo, mas o tamanho de sua justiça se manifestou na intensidade de sua misericórdia, pois, conseguiu ir além do julgamento, dando mais valor ao ser do que ao aparecer.

Por ser fruto daquela época e cultura, ele poderia muito bem ter pensado: “O que irão falar de mim? Como as pessoas me verão quando descobrirem que não desposei minha esposa?”. Mas ele foi além. Para ele o amor se expressava no bem que luta para que o outro seja mais, para que este seja feliz, mesmo quando ninguém o vê nem percebe e mesmo correndo o risco de ser mal-interpretado.

Quem ama não se importa com o que vão pensar ou falar, nem se torna “vaquinha de presépio”, escravizando-se por convenções culturais acerca do que deve ser feito. Quem ama – sem desrespeitar o que existe de bom na tradição – tem a coragem de superar o convencional para fazer o bem e promover a pessoa.

José não buscou os elogios dos observantes da lei nem o prestígio de ser “visto” por todos como cumpridor da justiça; diferentemente, ele buscou antes e acima de tudo estar em paz com a sua consciência, buscando em tudo ouvir e obedecer a Deus.

Ele – como muitos outros santos em nossa história – nos ensina que não é preciso muito barulho e alarde para realizarmos grandes mudanças e intensas revoluções e que o amor/obediência e a humildade são armas poderosas, capazes de questionar conceitos vigentes em toda uma sociedade.
Olhando para São José, percebo – como antes já cria – que é preciso não ter medo de romper com convenções sociais e agir de maneira nova; é claro, em tudo fazendo o bem e obedecendo a Deus.

Com certeza, se o fato se tornasse público o pai adotivo de Jesus receberia muitas críticas, como os que ousam pensar diferente recebem-nas: “Por que você vive, pensa, escreve e age diferente? Está errado, tem de ser do jeito que todo mundo faz...”. Contemplando a justiça silenciosa e transformadora desse grande homem de Deus pergunto: Será que temos mesmo [de agir como todos]?

O carpinteiro foi santo o bastante para transcender aos olhares que o acusariam, fixando o olhar apenas onde o Amor tem sua morada.
Que o exemplo do grande e amado pai de nosso Salvador suscite em nós a coragem de sermos melhores, pois ele estava voltado em tudo para o Cristo sem se aprisionar a estruturas que escravizam o ser.





Por:Adriano Zandoná
Seminarista e missionário da Comunidade Canção Nova. Reside atualmente na missão de Palmas (TO). É formado em Filosofia e está cursando Teologia. Apresenta o programa "Contra-maré" pela rádio Canção Nova do Coração de Jesus, aos sábados das 16h às 18h. Através do site www.arquidiocesedepalmas.org.br também é possível acompanhar aos sábados toda a programação ao vivo

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